Tu e você na variedade rio-branquense

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DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2025n69.1447

Parole chiave:

variação linguística, referência à segunda pessoa, pronome

Abstract

Propomos neste artigo examinar o uso dos pronomes tu e você em referência à segunda pessoal do singular no falar rio-branquense, capital do estado do Acre, com a finalidade de verificar se há uma alternância estável entre as duas formas ou uma tendência para o desaparecimento do pronome tu em um possível processo de mudança linguística. O corpus utilizado é o banco de dados do Projeto “Estudo da Fala Urbana de Rio Branco”, composto por entrevistas da fala natural, coletadas entre 1998 e 2011. A análise dos dados partiu dos pressupostos teóricos da sociolinguística variacionista laboviana (2008 [1972]). A estratificação da amostra permite constatar que quatro formas se manifestam na fala rio-branquense como pronomes de 2ª pessoa: tu, você, ocê e cê. Os resultados obtidos permitem afirmar que o pronome você e suas variantes é usado com maior frequência que o pronome tu e que o uso de tu, também fortemente presente, não ativa concordância de pessoa no verbo. Isso nos leva a concluir que a variedade falada em Rio Branco é do tipo “você/tu sem concordância” (SCHERRE et al., 2015). Há, inclusive, indícios de que, por ter seu uso favorecido por informantes com grau mais elevado de escolaridade. a forma inovadora você dispõe de maior grau de prestígio do que a forma conservadora tu.

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Biografie autore

Marinete Rodrigues da Silva, Universidade Federal do Acre (UFAC)

Docente da Universidade Federal do Acre, vinculada ao Centro de Educação e Letras do campus de Alta Floresta. Fez Mestrado em Linguagem e Identidade (2011 a 2013) sobre a variação pronominal entre nós e a gente. Fez o Doutorado em Estudos Linguísticos na Universidade Estadual Paulista, Campus de São José do Rio Preto (2015 a 2019) sobre o uso de tu e você na variedade rio-branquense. Desde 2019, atua como líder do Grupo de Pesquisa Mapeamento Linguístico do Português Acreano, vinculado ao curso de Letras da UFAC, Campus Floresta. É membro da Comissão de Sociolinguística da ABRALIN e do GT de Sociolinguística da ANPOLL. Acha-se em preparação um projeto de pós-doutorado sob a supervisão da Profa. Dra. Raquel Meister Ko Freitag a ser desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Sergipe, na área de Sociolinguística.

Roberto Gomes Camacho, universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Medstre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1978), Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista (1984), Pós- Doutorado em Gramática Funcional pela Universidade de Amsterdã (2005), Livre-Docência pela Universidade Estadual Paulista (2009) e Pós-Doutorado em Gramática Discursivo-Funcional pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional de Lisboa (2011). Aposentou-se em 2018 como Professor Associado da Universidade Estadual Paulista, onde atua como docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos. Publicou os livros Classes de Palavras na perspectiva discursivo-funcional: o papel da nominalização no continuum categorial (2011) pela Editora da Unesp; Da Linguística formal à Linguística social (2013), pela Editora Parábola, e Estratégias de relativização e construções alternativas nas línguas indígenas do Brasil (2013), em coautoria com Gabriela Maria de Oliveira, pela Editora Cultura Acadêmica da UNESP. É Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Nível1B.

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Pubblicato

2025-07-27

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