Que entre em cena a insubordinação: analisando cláusulas insubordinadas em textos notariais do século XIV
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.2025n69.1432Palavras-chave:
Insubordinação, Português Arcaico, FuncionalismoResumo
Este artigo tem como objetivo geral apresentar um retrato do comportamento das cláusulas insubordinadas em um contingente de 18 textos do português do século XIV, extraídos da amostra “Textos Notariais in Clíticos da História do Português”, que compõe o “Corpus Informatizado do Português Medieval”; trata-se, portanto, de uma investigação preliminar (de caráter exploratório) que se insere em uma (ainda emergente) agenda de pesquisa mais ampla, associada à investigação da “insubordinação no Português Medieval”. No que concerne ao quadro teórico, esta investigação segue uma abordagem funcionalista, com o amparo de propostas para o fenômeno da insubordinação (cf. EVANS, 2007; MITHUN, 2008; CRISTOFARO, 2016; inter alia). Partindo de investigações empíricas, como de Coradini e Hirata-Vale (2021) e de Rodrigues e Oliveira (2023), esperava-se que fossem encontrados padrões diversos de cláusulas insubordinadas nos textos notariais postos em exame, bem como indícios de que tais cláusulas podem ser explicadas como resultado de múltiplos “mecanismos geradores”, como a elipse e o desengajamento clausal, conforme já sinalizava Cristofaro (2016). Os resultados confirmam tais expectativas.
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